Nem é preciso responder, pois, obviamente você tem o seu perfil no facebook, não é mesmo? Obviamente também, já deve ter reparado como todo mundo está cada vez mais conectado, seja teclando o seu celular, seja navegando o seu i-pad, seja ouvindo o seu i-phone, como verdadeiras ilhas em meio à multidão, ignorando propositalmente o que se passa a sua volta.
A comunicação está cada vez mais rápida, cada vez mais acessível, cada vez mais móvel, então por que é que as pessoas estão se sentindo cada vez mais solitárias, frustradas, vazias e carentes?
O facebook se tornou uma espécie de inconsciente coletivo, uma torre de babel digital, uma arena onde provocamos e somos provocados, um circo virtual onde apoiamos ou rechaçamos uns e outros, um cenário ao qual, todos estamos conectados, direta ou indiretamente, ávidos por vermos nossas mensagens, por sabermos quantas pessoas nos adicionaram, por notarmos quem curtiu nosso último post, por checarmos quantos comentários e compartilhamentos conseguimos gerar com a nossa infinitésima manifestação pseudo-intelectual, neste mar de gente anônima e informações virtuais, onde queremos ver e sermos vistos, o tempo todo.
Uma espécie de exibicionismo virtual deturpado se apodera de nós, nos fazendo crer que seremos admirados como micro pseudo-famosos, aspirantes ao estrelato, ao expormos nossas vidas e intimidades, e na maioria das vezes, nossa imbecilidade, seja através de achismos, seja através de fotos, seja através de opiniões pseudo-sociais e pseudo-engajadas, para os milhões de rostos incognitos e virtuais, posando como verdadeiras estrelas, para uma platéia digital amorfa e indiferente, na ansia de virarmos o hit do momento, de recebermos milhões de views, e sermos comentados e compartilhados através do mundo, por nossa banalidade presunçosa.
Olhamos o perfil de nossos conhecidos e lá vemos: 2.456 amigos, 3.798 amigos, e nos sentimos deprimidos por não sermos tão populares quanto eles, sentimos a nossa pequenez e insignificância diante desses números intimidadores, quando na verdade, trata-se apenas de gente, que eles nunca chegarão a conhecer.
Fora do mundo digital, onde o sol brilha, a chuva cai, o trânsito se intensifica, as relações acontecem, ficamos atentos, com nossos celulares em punho, para os momentos que poderão ser eternizados e compartilhados nesta imensa “rede neural digital”, onde uma espécie de vício vai sendo criado a cada log in, a cada post, a cada curtir, a cada comentário que fazemos, pressupondo vital relevância, tentando ao máximo, disfarçar a nossa frustração, depressão e carência, do isolamento cada vez mais sério que nos envolve a vida, cada vez mais virtual e distante.
Muita gente não consegue se quer, passar alguns minutos, sem ao menos acessar seu perfil e ver o que está acontencendo, sem ao menos consultar o seu celular para postar algum comentário “muito significativo”. Ficar sem acesso assemelha-se a ficar sem ar, ficar sem a nossa dose diária do vício digital, que nos ilude a cada clique, que nos rouba horas e horas valiosas de nossas vidas, sem nos dar nada em troca, apenas, mais frustração, depressão, carência, isolamento social e solidão.
Então, que tipo de progresso é este, que espécie de drenagem energética vital é esta, Facebook?
Está na hora de começarmos a nos desconectar e vivermos um pouco…